O Pato Patati...
"Esta história é sobre um pato que morava na lagoa da quinta do meu pai. Ele era um pato branco, grande e gordo. Os empregados da fazenda tratavam-no tão bem que ele mais parecia um cachorrinho andando atrás do dono. O meu pai dizia:
- Vejam que até os bichos agradecem o bom tratamento que lhes é dispensado. Cada um agradece do seu jeito. No caso do pato, ele acompanha os trabalhadores como a dizer obrigado pelo carinho.
O nome do pato era Patati. Eu escolhi o nome dele. O meu irmão queria que fosse Gordo, mas eu venci. Todos os dias eu ia para o quintal e chamava:
- Patati! Ele vinha correndo e em vôos rasantes porque sabia que uma lata cheia de milho o esperava. Eu colocava o milho na mão e ele, cantando o seu quá quá quá, comia velozmente.
Às vezes o seu bico duro magoava minha mão, porém eu não me importava. O meu amor por aquele pato era mais forte que a bicada dele. Ele não fazia de propósito. Eu acostumei-o a comer separado das outras aves.
Depois das aulas, eu e meus irmãos íamos brincar na lagoa. Levávamos as sobras de pão para atirar para a água e ver os patos e os gansos mergulharem para comer. Patati era o campeão no desporto de apanhar o pão na água. Ele mergulhava o pescoço e trazia o pão engolindo-o rapidamente.
Um dia Patati desapareceu. De manhã ele não apareceu quando o chamei para comer o milho, à tarde não estava na lagoa para comer o pão. O que teria acontecido? Será que alguém roubou o Patati? Ou algum caçador o caçou com espingarda de chumbo? Eu não queria nem pensar porque me dava um frio no estômago. Diante da nossa insistência, o meu pai e os empregados procuraram o pato e não encontraram.
Quinze dias passaram. Já estávamos na semana do Natal. As aulas terminaram e nós tínhamos mais tempo para nossas brincadeiras. Mas não era a mesma coisa. Faltava aquela figura, aquele pato simpático que era nosso companheiro.
Na véspera do Natal eu estava a ajudar a minha mãe a preparar a ceia. Ela pediu-me o pão amanhecido para preparar as rabanadas. Quando eu peguei o pão os meus olhos encheram-se de lágrimas. Era o pão que eu dava ao Patati. Mais ou menos às quatro horas da tarde tudo estava pronto. Eu tomei banho, deitei-me na cama para ler a Branca de Neve e os Sete Anões.
Estava concentrada na leitura quando eu ouvi um quá, quá que me pareceu conhecido. Não podia ser. Devia ser um dos outros patos que andava por ali. Voltei a ler e novamente aquele quá, quá insistente me fez levantar e ir até a janela do quarto.
Não era possível. Era ele, o Patati que voltara. Estava mais magro, mas bonito como sempre. Eu dei um grito:
- O Patati voltou!
E descemos a escada da casa em correria para saudar o nosso pato. Levamos milho, pão e tudo que ele gostava, mas ele não comeu nada só fazia quá quá e num vôo rasante ele foi para uma moita de hortências azuis. Ficou lá algum tempo e depois saiu com um outro pato.
- Deus do céu, não é que o pato se “casou”! Ele estava em lua-de-mel escondido no mato chocando a ninhada. Pato esperto! – disse Romão, o rapaz que cuidava dos cavalos da fazenda.
E ele veio com a companheira e uma fila de doze patinhos, muito parecidos com ele, como se quisesse apresentar para todos:
- Vejam, esta é a minha família!
Que alegria naquele Natal. Eu e meus irmãos pedimos ao nosso pai para preparar um cantinho perto da lagoa para abrigar a família de Patati.
A pata que ele escolheu era muito bonita. Tinha penas brancas e verdes, uns olhinhos brilhantes e um quá quá que era uma graça. Os doze patinhos, já com algumas peninhas, denunciavam que metade teria plumagem da mãe e a outra metade do pai. Um dos meus irmãos disse:
- Que nome nós daremos à esposa do Patati?
- Ora, ela será a senhora Patatá! – disse meu irmão mais novo.
E assim, o tempo passou, os patinhos cresceram, formaram suas famílias, mas eu nunca me esqueci do Patati o meu amigo de infância."
"A Carochinha"
"Era uma vez uma linda carochinha, que encontrou cinco réis enquanto varria a cozinha.
Com o dinheiro, foi comprar uns brincos, um colar e um anel, pôs-se à janela e perguntou?
- Quem quer casar comigo?
Passou um burro e respondeu:
- Quero eu!
- Como te chamas?
- Chamo-me im om, im om, im om.
- Eu não gosto de ti porque tens uma voz muito feia.
A carochinha voltou a perguntar:
- Quem quer casar comigo?
Passou um cão e respondeu:
- Quero eu!
- Como te chamas?
- Ão, ão, ão.
- Eu não gosto de ti porque tens uma voz muito grossa.
A carochinha voltou a perguntar:
- Quem quer casar comigo?
Passou um gato e respondeu:
- Quero eu!
- Como te chamas?
- Miau, miau, miau.
- Eu não gosto de ti porque tens uma voz muito fina.
A carochinha voltou a perguntar:
- Quem quer casar comigo?
Passou um rato e respondeu:
- Quero eu!
- Como te chamas?
- Chamo-me João Ratão.
- Tu sim, tens uma voz bonita, quero casar contigo.
A carochinha e o João Ratão casaram e foram muito felizes.
Porém, certo dia, a carochinha disse ao João Ratão que estava na hora de ir à missa.
O João Ratão, que era muito guloso, disse que não podia ir porque estava doente.
A carochinha, que fazia a refeição, disse-lhe então que não mexesse no caldeirão.
Depois da carochinha sair, logo o João Ratão foi espreitar o caldeirão.
Espreitou, espreitou e trum, deu um grande trambolhão e caiu no caldeirão.
Quando a carochinha chegou, procurou, procurou o João Ratão mas não o encontrou.
Muito aflita, a carochinha entrou na cozinha, viu o João Ratão caído no caldeirão e disse:
Ai o meu João Ratão, que caiu no caldeirão! Ai o meu João Ratão, que caiu no caldeirão!"
A Bela e o Monstro
Era uma vez um comerciante que morava com sua filha, uma menina tão bonita de seu nome era Bela.
Voltando de uma viagem, o mercador viu um castelo com um lindo jardim cheio de flores e resolveu levar uma rosa para Bela.
Quando ele colheu a rosa daquele jardim, apareceu um monstro e disse:
- Não devia mexer no meu jardim. Vai ser meu prisioneiro!
O comerciante respondeu:- Perdão senhor, era um presente para minha filha!
Mas o monstro não queria saber, estava furioso.
O mercador então pediu para o monstro o deixar despedir-se da sua filha.
Chegando a sua casa chorou, porque a sua filha ficaria sozinha no mundo.
Bela então disse:
- Pai, deixe-me ir consigo, quero falar com o monstro.
- Não adianta, minha filha! - Disse o comerciante.
Mas Bela tanto insistiu que o pai levou-a com ele.
Chegado ao castelo, a Bela disse para o monstro:
- Deixe o meu pai ir embora, ele está velho e doente, eu fico no lugar dele.
O monstro concordou e o pai da Bela muito triste foi embora.
Os dias passavam no castelo. E o monstro, mesmo muito feio, era bom e gentil com a Bela.
Liam livros juntos, almoçavam e jantavam juntos.
Conversavam e brincavam no jardim.
E numa das noites dançaram no castelo.
Até os objetos do castelo se animavam também!
Como se tornaram amigos, o monstro deixou a Bela ir visitar o seu pai. Algumas horas depois . . . Quando a Bela voltou, encontrou o monstro muito doente.
A Bela assustada disse:
- Monstro, não morra, estou aqui! Eu amo-te!
E beijou o rosto do monstro.
No mesmo instante, começou a transformação do monstro.
O monstro deixou de existir e surgiu um lindo príncipe.
O príncipe contou à Bela que uma bruxa o enfeitiçou e ele só voltaria ao normal com um beijo de amor.
E assim, puderam lembrar-se de todos os momentos que passaram juntos